quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Escolas sem professores?

Todos já sabem que a qualificação dos professores é condição necessária, mas insuficiente, para os alunos obterem uma aprendizagem de qualidade. Todos também já sabem que a Escola começa na casa, a casa termina na Escola. Mas, diante da crônica e grave situação do ensino no Brasil, a qualificação do corpo docente é um chavão insuportável para os professores.
Nas campanhas políticas, para a Presidência da República, governo dos Estados e prefeituras municipais, observamos planos mirabolantes e soluções perfeitas para recuperar a qualidade do ensino Fundamental, Médio e Superior. Como professor universitário e com experiência de sala de aula já há 13 anos, vejo como muitas dessas propostas são demagógicas, irrealistas, "virtuais" e até desonestas.
Não acreditamos na recuperação desse ensino de baixa qualidade sem professores qualificados e bem (muito bem pagos). Do mesmo modo como não acreditamos em um aprendizado melhor dos alunos sob as condições de uma sociedade na qual privilegia-se o lucro fabuloso de bancos privados, enquanto o ensino e as escolas são degradadas. É preciso (também) mudar esse modelo de sociedade.
Na verdade, trata-se de um efeito óbvio que pode ser explicado por fatores estruturais (instalações e meios de acesso ao saber nas escolas), sistêmicos (deficiência na avaliação da aprendizagem e ensino de baixa qualidade) e conjunturais (violência no ambiente escolar, insegurança no entorno das escolas, fome ou má alimentação dos discentes, problemas familiares etc). É efeito dessas variáveis a baixa qualidade do ensino Recife e em Pernambuco, um dos piores do Brasil, do Ensino Fundamental ao Ensino Médio.
O fato é que a má qualidade desse ensino não vai mudar se esse professor não receber salários e vantagens diferenciadas dentre as diversas carreiras da Prefeitura do Recife. Aliás, os professores, os profissionais de saúde, os fazendários e os gestores municipais (carreira a ser criada, contemplada no Programa de Governo do PCB), são as carreiras que consideramos típicas de Governo Municipal. Essa é um a reivindicação que jamais deve ser vista como corporativismo. E também é fato que os deficientes meios de acesso ao saber e a falta de estrutura das escolas bloqueia o processo ensino-aprendizagem. E o círculo vicioso se fecha.
Como candidato do PCB à prefeitura do Recife, não temos ilusões quanto à recuperação da carreira dos professores, das escolas e da qualidade desse ensino insipiente, em um período de quatro anos. Mas empenhamos nossa palavra que vamos começar isso. Não prometemos o ensino virtual das Escolas de Guia Eleitoral, Escolas - ilhas da fantasia etc. A Educação exige antes de tudo a verdade. E é verdade que podemos recuperar esse ensino sob a condição de uma unidade de ação com os professores da rede municipal.
Algumas de nossas propostas são simples, racionais. Estamos abertos às sugestões e críticas. Confiram:
1. Discutir com o Simpere temas como Carreira do magistério, Qualidade do Ensino e Processo de Avaliação da Aprendizagem;
2. Extensão do tempo integral no Ensino Fundamental I e II;
3. Merenda Escolar: rever os mecanismos de controle e fiscalização sobre a qualidade e distribuição da merenda (há escolas que não recebem a merenda, e há denúncias de compra de alimentos abaixo do padrão especificado nas licitações); e
4. Criação de uma biblioteca por escola (com acervo padrão).

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