quarta-feira, 27 de agosto de 2008

PEN DRIVERS DIFERENTES

Pessoal, o pen drive já virou acessório obrigatório, certo? Meio difícil não sair de casa sem ele e sua vida dentro dele...risos
Então porque não transformá-los em algo útil, tipo uma bijou linda ou um chaveiro diferente...
Bom, o pessoal criativo já andou pensando nisso...dá uma olhada e escolha o seu, o meu é este de coração com uma zircônia enorme...quem se habilita? beijão! Meire























UM PAÍS QUE CAI DE BUNDA E CHORA

Sou tomado de profunda melancolia ao contemplar o desempenho do Brasil nas Olimpíadas...e constatar nossa colocação no quadro de medalhas....comparar nosso país com os países que estão à nossa frente.Fico triste ao ver que na nossa seleção olímpica de futebol existem jogadores que ganham milhões e milhões de dólares, enquanto representantes do nosso judô choram e são humilhados por não ter dinheiro para pagar o exame de faixa preta.Fico irado ao ver o Galvão Bueno, nas transmissões da Globo, enaltecer delirantemente 'o gênio mágico' do 'fenômeno' Phelps, nadador norte-americano...e não falar no mesmo tom do nosso nadador Cielo, este sim, um fenômeno. Fenômeno porque treinou seis horas por dia nos três últimos anos, numa cidade do interior dos EUA, sustentado pelos próprios pais e pela generosidade de alguns amigos, pois não recebe um auxílio oficial.Fico depressivo ao contemplar na TV nossas minguadas medalhas de bronze.E fico pensando que, de cada mega-sena e outras loterias oficiais, o governo paga apenas 30 % do arrecadado ao ganhador e propaga que os outros 70 % são destinados a isso ou aquilo, sem que a gente possa fiscalizar com nitidez essa aplicação.Estou por completar 66 anos. E desde pequenino tem sido assim.. Lembro do Ademar Ferreira da Silva, nosso bicampeão olímpico do salto tríplice que foi competir tuberculoso !E jamais me sairá da mente o olhar de estupor de Diego Hipólito caindo de bunda no chão no final da sua apresentação, quando por infelicidade e questão de dois segundos deixou de subir ao pódio. E de suas lágrimas pedindo desculpas, quando ele não tem culpa de nada. Das lágrimas de outros atletas brasileiras dizendo que não deu. Pedindo desculpas aos familiares e ao povo.Meus Deus !Será que vou morrer vendo um povo que só chora e pede desculpas ?Será que vou morrer num país que se estatela de bunda no chão, enquanto os políticos roubam descadaradamente e as CPIs não dão em nada ?Será que vou morrer num país que se contenta com o assistencialismo e o paternalismo oficiais, um povo que vende seu voto por bolsa-família e por receber um botijão de gás de esmola por mês ?Até quando, meu Deus! (Autor: James Pizarro)

A ARTE DE SORRIR....

Só hoje prestei atenção a uma música que toca sempre na rádio que costumo ouvir. É Bethânia cantando: "a arte de sorrir, cada vez que o mundo diz não..." E essa frase não me saiu da cabeça o dia todo.Depois recebi um e-mail que no final dizia: "ter problemas na vida é inevitável, ser derrotado por eles é opcional."E não é que eu estou mesmo virando gente grande? Porque é assim que tenho me conduzido de uns tempos pra cá. Custo a me reconhecer dentro desta nova arte: a de sorrir, ou optar por não ficar triste.E é tão melhor deixar a vida nos levar! Ela é sábia sempre, mesmo quando nos contraria. E ela tem seus meandros: encurta distâncias; descobre atalhos; aproxima dando voltas; mostra bifurcações; traz de volta o que já havia sido dado como perdido; realiza sonhos adormecidos ou cansados...Simplesmente sorria, ou não se entristeça nunca mais. Tudo vai ficar bem. É uma questão de conduzir o olhar sob um novo ângulo, colocando o foco em lugares felizes. Não é apenas fingir que está tudo bem. É ter certeza absoluta que o Universo sabe o que faz. Primeiro ele prepara o solo, planta, fertiliza, fortifica, amadurece os sonhos e eles nascem. Assim, meio de repente, quando a colheita terá significados maiores e melhores. Sorria!

MORRE LENTAMENTE...


Morre lentamente aquele que se transforma em escravo de seus próprios hábitos, repetindo, todos os dias, os mesmos trajetos. Aquele que não se arrisca a vestir uma roupa de cor diferente e que não fala com quem não conhece. Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o escuro ao claro e que não se permite, pelo menos uma vez na vida, ouvir conselhos sensatos.Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo duvidoso e quem não corre atrás de um sonho. Morre lentamente quem nunca viaja, não lê, não ouve música e quem não encontra graça em si mesmo.

Educação não pode ser melhor do que os professores

A ENTREVISTA É LONGA, MAS VALE A PENA LER E SABER UM POUCO MAIS SOBRE O NOSSO ATUAL MINISTRO DA EDUCAÇÃO:

Filho de imigrantes libaneses, paulista, 45 anos, Haddad se declara, sem que se pergunte, de esquerda. Formado em Direito na Universidade de São Paulo, sua tese de doutorado, de meados dos anos 90, na Faculdade de Filosofia também da USP, faz uma atualização do materialismo histórico à luz das teorias do filósofo alemão Juergen Habermas. O mestrado, na Faculdade de Economia, da mesma USP, versou sobre aspectos sociais da economia soviética.
Haddad deixou a Universidade de São Paulo, onde era professor de Ciência Política, em 2000, para trabalhar com João Sayad, na secretaria de Finanças da Prefeitura de São Paulo, no governo petista de Marta Suplicy. Com a chegada de Lula à presidência, foi para Brasília, como secretário-executivo do MEC, então comandado pelo hoje ministro da Justiça, Tarso Genro, em 2003. Foi nomeado ministro há exatos três anos, em julho de 2005.
O grande desafio do ministro é melhorar a qualidade do ensino no Brasil. Repetência, evasão, baixa escolaridade, defasagem entre a faixa etária e a série cursada são os sintomas a serem enfrentados. Para superar esses desafios, Haddad se armou com um diagnóstico e um instrumento.
Segundo Haddad, políticas educacionais bem sucedidas são sistêmicas e integradas, exigindo esforço concomitante em todas as etapas do ciclo educativo – da creche à pós-graduação.
“A idéia de que focar primeiro na educação fundamental, para depois atacar o resto, ainda tem muitos adeptos, mas é totalmente equivocada e está na base dos nossos erros”, diz o ministro. “A educação só pode ser igual ou pior do que os professores, melhor, por definição, é impossível”.
A conclusão do ministro: “É preciso investir, crescentemente, no conjunto”. Isso significa não só investir nos professores, mas, sem dúvida, investir mais forte neles. Dá para entender, por isso mesmo, onde se insere o recente – e já polêmico – piso nacional de R$ 950 mensais para os professores brasileiros.
O sucesso dessa política integrada, no entanto, depende da aplicação dos instrumentos da avaliação. Avaliar bem e com transparência, na visão de Haddad, é o eixo organizador da melhoria, necessariamente gradual, da qualidade do ensino. “Sem recursos, e recursos crescentes, não se consegue reformar para melhor a educação pública”, afirma Haddad. “Mas sem resultados, os recursos nem chegam ou, se chegam, são desperdiçados”.
Durante mais de duas horas, numa manhã de clima especialmente seco em Brasília, Fernando Haddad falou, com exclusividade ao colunista do Último Segundo José Paulo Kupfer sobre os problemas, os desafios e as perspectivas da educação brasileira.
No final da conversa, ele observou nunca antes ter tido a oportunidade de expor tão amplamente suas idéias, dúvidas, ações, resultados e perspectivas da área que coordena, uma das mais críticas para o desenvolvimento do País.
A entrevista com Fernando Haddad foi dividida em duas partes. A seguir, os principais trechos da primeira parte.
iG – O que vem primeiro: crescimento ou educação?
Fernando Haddad – Estatisticamente falando, se pode dizer que existe uma forte correlação entre as duas variáveis. Os países que fizeram diferença em duas ou três décadas – Irlanda, Coréia, Japão – não cometeram os erros que nós cometemos. No período de alto crescimento, eles aumentaram os recursos em educação. Nós crescemos nos anos 50, 60 e 70 e não destinamos recursos de uma parte do crescimento em volume suficiente para a formação educacional da população. Estamos fazendo isso agora. Estamos conseguindo compatibilizar crescimento com formação, aplicando parte do crescimento em educação. Por isso, sou otimista. O Brasil está entrando num processo de crescimento sustentável e, aplicando recursos crescentes em educação, poderá transformar crescimento em desenvolvimento.
iG – O problema da educação básica, no Brasil, não é mais o da oferta de vagas, mas o da manutenção das pessoas na escola, o atraso escolar, enfim, a qualidade do ensino. Como resolver o problema?
FH – Entre 1995 e 2001, quando passou a ser possível medir, comparativamente, a qualidade do ensino, verificou-se uma queda nessa qualidade, medida pela proficiência em português e matemática. Na época, atribuiu-se o problema à própria inclusão de alunos em massa nas escolas. Mas eu reputo esse diagnóstico muito equivocado, até porque, quando a medição foi feita, a onda inclusiva já havia ocorrido.
iG – Qual seria a explicação correta?
FH – Em minha opinião, nós cometemos alguns equívocos graves no passado recente e ainda há quem insista no erro. O mais grave deles foi fomentar uma determinada idéia de educação que opunha educação superior à educação básica, como se fosse possível optar por um nível de ensino em detrimento do outro. O que a experiência internacional demonstra é que países bem sucedidos na educação adotaram visões sistêmicas e integradas. As reformas educacionais de sucesso, que nunca foram revoluções, porque nunca aconteceram de um ano para outro, mas se deram no curso de pelo menos uma geração, não só adotaram essa visão sistêmica como garantiram níveis crescentes e concomitantes de investimento em todas as etapas do processo de escolarização.
iG – O que se pode entender por visão sistêmica?
FH – A experiência internacional comprova que só investindo, ao mesmo tempo, da creche à pós-graduação é que se pode ter uma educação de qualidade. Quando um país faz isso para valer, não só na retórica, ou seja, com investimentos consignados em orçamento para todas as etapas do ciclo educativo, poderá conseguir, ao longo de pelo menos uma geração, alcançar um estágio de educação de qualidade.
iG – Quer dizer que a idéia tão generalizada de que é preciso primeiro investir na educação básica para depois cuidar dos outros níveis é equivocada?
FH - Isto é um absurdo em termos. Para começar, porque não existe um sistema educacional melhor do que a qualidade dos professores – ele pode ser igual ou pior, melhor impossível, por definição. Se os professores têm que ser bem formados no nível superior, não há como dissociar uma coisa da outra. E o Brasil procurou dissociar com o chamado foco na educação básica em detrimento da educação superior.
iG – Por falta de recursos?
FH – Também por falta de recursos. Não por acaso, a qualidade da educação cai, a partir de 1995, com a introdução, em 1994, da figura da desvinculação das receitas da União (DRU). Dezenas de bilhões de reais foram deslocados do ministério da Educação nesse período. E, então, segmentamos e fragmentamos o ciclo educacional. Passamos a só ter olhos para a educação fundamental, de um lado, e para a pós-graduação, no outro.
Quando abandonamos essa visão equivocada e passamos a desenvolver programas em todos os níveis de ensino, o que se verificou, pela primeira vez entre 2005 a 2007, foi uma melhoria consistente de todos os indicadores de qualidade. Melhorou a taxa de aprovação, houve queda tanto na repetência quanto na evasão. Melhoraram os níveis de proficiência em matemática e em língua portuguesa, nas três séries avaliadas – a quarta, a oitava e a terceira do ensino médio. Quando você passa a considerar a educação na sua totalidade você passa a colher os frutos.
iG – Poderia dar exemplos do que significa “investir para valer igualmente em todo o ciclo educacional”?
FH – O antigo fundo de financiamento da educação focava no ensino fundamental e nós o substituímos por um fundo que foca no ensino básico. Saiu o Fundef e entrou o Fundeb. O que está por trás da troca de letras não é pouco. É a inclusão da educação infantil e do ensino médio no fundo. É também a complementação dos recursos da União, que foi decuplicada. É ainda a diferenciação do coeficiente de distribuição do dinheiro por matrícula, valorizando a escola que oferece tempo integral. Dependendo do tipo de matrícula, o município e o Estado recebem mais ou menos recursos. Quando é de tempo integral ele recebe mais.
iG – Esse dinheiro a mais veio de onde?
FH – Veio do orçamento da União. A média de complementação da União, durante os dez anos de vigência do Fundef, foi de R$ 500 milhões anuais. Agora em 1º de janeiro de 2009 a complementação da União chegará a R$ 5 bilhões ao ano – dez vezes mais. Os recursos estão sendo aplicados também para equalizar as oportunidades de educação no que diz respeito às regiões mais pobres do País. Veja que por trás dessa letrinha tem uma visão diferenciada de investimento em educação.
iG – Mas isso é suficiente para resolver o problema da qualidade do ensino no Brasil?
FH – Vou dar outros exemplos. Vários programas de apoio estavam restritos ao ensino fundamental. Vou citar alguns: transporte escolar, merenda, Bolsa-Família e livro didático, que só existiam para o ensino fundamental. Todos estes programas de apoio foram estendidos a toda a educação básica. É uma visão de educação básica que não vê as etapas compartimentadas – educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. A ação de governo precisa alcançar o conjunto da educação básica. A União nunca teve, por exemplo, um programa de financiamento da expansão da rede física de creches e pré-escolas. Criamos o Pró-Infância com o objetivo de expandir a rede pública de creches e pré-escolas. Está provado que a educação infantil repercute no desempenho do aluno ao longo das demais etapas do processo educacional.
iG – A implantação do ensino fundamental de nove anos está no ritmo previsto?
FH – O ensino fundamental de nove anos pode parecer uma coisa lateral. Mas todos os países da América Latina, para não citar o mundo desenvolvido, têm Educação básica de 12 anos (nove anos mais três ou oito mais quatro). O Brasil era o único que tinha uma escolaridade obrigatória de 11 anos. São medidas que vão corrigindo as distorções do sistema. Já superamos a marca de 50% dos municípios com ensino de nove anos e o prazo para que todos se enquadrem vai até 2010.
iG – E a escola integral ainda é muito pequena?
FH – Ainda é pequena, mas está evoluindo. Não havia estímulo para que fossem oferecidas matrículas em tempo integral. O prefeito que matriculava em tempo parcial recebia rigorosamente os mesmos recursos que o prefeito que matriculava em tempo integral. Isso mudou. Quem matricula mais em tempo integral recebe mais.
iG – O senhor já enumerou uma série de programas em implantação ou já em andamento. Tem dinheiro para tudo isso?
FH - Estamos revertendo uma tendência histórica de queda do orçamento da educação. O orçamento em 2009 vai chegar a R$ 40 bilhões. Em 2004, era de R$ 20 bilhões. Com o apoio do presidente Lula, dobramos o orçamento do MEC em cinco anos. Temos de ter a clareza que o orçamento da educação deve crescer ano após ano e também de que nossa capacidade de gestão destes recursos tem que acompanhar a evolução do orçamento. Queremos resultados, não queremos só mais recursos. Numa palavra, queremos traduzir recursos em resultados. A melhoria dos indicadores de qualidade da educação é que dão segurança à área econômica, que coordena o Orçamento, de que o dinheiro destinado à educação é bem investido, vai repercutir, positivamente, no desenvolvimento do País.
iG – Como o MEC pensa em eliminar a defasagem entre a faixa etária e a série cursada, que é um sintoma síntese dos maiores problemas da educação no Brasil?
FH – Isso está sendo resolvido. Vou dar um dado que, para mim, é muito eloqüente. Em 1999, portanto, não faz muito tempo quando se trata do processo de evolução da educação, apenas 50% dos brasileiros com 25 anos de idade tinham concluído o ensino fundamental. Em 2006, já são 70%. Os 30% que ainda faltam estão em geral no campo. Por isso, estamos fazendo um esforço enorme para levar ao campo todos os benefícios que as cidades já têm. Enfim, se o ritmo prosseguir, podemos já vislumbrar que, em prazo relativamente curto, todos os brasileiros com 25 anos terão concluído o ensino fundamental. É claro que deveriam concluir essa etapa com 15 anos, mas o avanço é visível.
iG – E a faixa de 7 a 14, que tem também um atraso que gera depois evasão?
FH – O novo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que combina proficiência em matemática e português com taxa de aprovação, revelou um progresso bem razoável nesse aspecto. Fizemos um paralelo com Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Numa escala de zero a 10, o Brasil tinha, em 2005, média 3,8, enquanto a média dos países da OCDE, os países ricos, é de 6. Na medição de 2007, apenas dois anos depois, chegamos a uma nota média de 4,2. Se mantivermos o passo, podemos cumprir as metas e chegar à nota 6 em 2021. No ritmo atual, em 13 anos, o Brasil terá uma educação de qualidade comparável à dos 30 países mais ricos do mundo.
iG – Esse ritmo não pode ser acelerado?
FH – Acho que é possível, mas, para isso, temos de aprofundar a trajetória. Para chegar a esse resultado, várias medidas foram tomadas, mas se eu fosse apontar em um único aspecto principal, diria que foi a avaliação por escola do Ideb. A avaliação por escola organiza a escola. O gestor da escola sabe exatamente o mínimo que o MEC espera dele. Isso organiza o currículo, a sala de aula, o plano de trabalho, tudo à luz da avaliação que será feita permanentemente. A escola pode, assim, estabelecer metas realistas e correr atrás das próprias metas. Os estudos internacionais demonstram que, quando se tem uma avaliação combinada com responsabilização, o sistema reage de forma sustentável.
iG – Tem prêmio para a escola que cumpre suas metas?
FH - A variável de ajuste é a autonomia. A escola ganha autonomia ou perde, de acordo com o cumprimento das metas. Ou seja, o repasse de recursos se torna tão mais automático quanto mais ela demonstra merecê-lo.
iG – O repasse é para escola? Vai direto do MEC, do governo federal, para a escola estadual ou municipal?
FH – Uma parte do repasse do Ministério da Educação vai para a escola, na conta corrente da escola, direto do MEC. Este é o programa “Dinheiro direto para escola”, que não passa pelos cofres municipais nem estaduais. Isso é muito importante porque a variável de controle não é mais ou menos recursos, e, sim, o grau de autonomia que a escola vai ter na gestão desses recursos.
iG – Qual o volume de recursos destinado a esse programa?
FH – Do orçamento global de R$ 40 bilhões para 2009, o “Dinheiro direto na escola” tem quase R$ 1 bilhão. Quando chegamos, era menos de um terço disso. Quanto mais a escola cumprir metas, mais autonomia ela terá. Isso não significa, contudo, que a escola que não cumprir suas metas será punida com perda de recursos. Significa que o grau de liberdade dela diminui, que não receberá dinheiro suplementar e que terá de apresentar um plano de trabalho para justificar os recursos que recebe.
iG – A avaliação por escola tem um óbvio efeito no curto prazo. Mas é sustentável no médio e no longo prazos?
FH – A minha resposta é não, se outras medidas não forem tomadas para garantir a consistência deste ciclo de melhorias. A gente morreria na praia do ensino médio.
iG – Quais são essas medidas?
FH – Em primeiro lugar, em relação ao ensino médio, é investir forte na formação profissional, porque o aluno do ensino médio não está interessado na escola tradicional. Ele esta interessado na escola que amplia os seus horizontes e possibilidades intelectuais direcionadas ao trabalho. Por isso que três medidas, que já foram tomadas, são essenciais para melhoria do ensino médio.
iG – Quais são?
FH – Primeiro, expansão da rede federal de educação profissional. Eram 140 escolas federais em 2003, vamos pular para 354. Quero destacar esse fato: em quase um século foram feitas 140 escolas técnicas federais. O governo Lula vai entregar 214 novas. Segundo, programa “Brasil Profissionalizado”, R$ 1 bilhão da União, em quatro anos, para reestruturar a rede estadual de ensino médio. Terceiro, reforma do Sistema S, com a ampliação gradual e progressiva das vagas gratuitas no ensino profissionalizante do Senai, Senac etc.
iG – Dobrar ou triplicar o número de escolas não é fácil, mas não é o mais difícil. Mais difícil é mantê-las funcionando e bem. Tem dinheiro para isso?
FH – Essa mudança de R$ 20 bilhões para R$ 40 bilhões no orçamento da educação é para dar sustentação a isso.
iG – Será suficiente?
FH – Meu sucessor vai receber um orçamento consistente para manter e sustentar esses avanços.

O impacto da avaliação do ensino superior

Nenhuma iniciativa poderá ser mais impactante sobre o sistema de ensino superior do que a avaliação de desempenho de cursos. Não se pode afirmar que a avaliação fornece evidências irrecusáveis ou que o processo de avaliação não merece apreciação, desenvolvimento e aperfeiçoamentos. Mas os dados que já foram obtidos, ainda que merecedores de críticas, são as mais confiáveis evidências do atual estágio do sistema de ensino superior brasileiro, e assim sendo, deve servir de guia para a gestão do sistema visando, prioritariamente, seu aperfeiçoamento. Ainda estamos engatinhando em termos de qualidade do ensino superior. Falta-nos tradição, já que só muito recentemente - na primeira metade do século passado - criamos nossa primeira universidade. Em termos de tradição estamos a séculos de defasagem dos países de maior tradição da Europa. Talvez o modelo de ensino superior baseado na dicotomia instituições públicas e privadas não seja o melhor para galgarmos melhores posições neste vital setor para a nossa soberania. A experiência de países com mais tradição cultural parece indicar para instituições públicas mas desvinculadas do aparelho estatal, de acordo com as mais tradicionais e bem-sucedidas universidades européias e americanas.
O processo para o amadurecimento do nosso sistema de ensino superior não ocorrerá num curto lapso de tempo. Os empresários do sistema educacional reclamam que as avaliações periódicas prejudicam suas faculdades. Mas um primeiro e decisivo passo foi tomado com o estabelecimento de um sistema de avaliação das instituições. Não se pode capitular diante do forte lóbi das faculdades privadas que visam, em primeira instância, meros interesses comerciais, embora já haja entre as privadas aquelas que trabalham com denodo para se adequar à nova realidade. O setor educacional não deve ser destinado a empreendimentos meramente comerciais desprovidos do propósito de educar com seriedade e qualidade.
AVALIAÇÃO NÃO DÁ SELO DE QUALIDADE

Precisamos de 100 mil professores por ano

O Ministro da Educação, Fernando Haddad, defendeu a criação de um sistema nacional de formação de professores para a educação básica. "Precisamos formar 100 mil professores por ano", disse. O ministro participava da 72ª Reunião Ordinária do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), na sede da instituição em Brasília. Para Haddad, é preciso aumentar o percentual de profissionais que dão aula em escolas públicas e são formados pelas universidades federais. "Pelo menos 70 mil professores por ano devem ser formados pela rede pública", afirmou referindo-se também às universidades estaduais e municipais. Na visão do ministro, para que a formação dos profissionais seja de qualidade, é preciso que o governo federal assuma a tarefa e trate o magistério como carreira de estado. "A cada censo escolar, o número de professores formados aumenta. Mas, isso não repercute no aprendizado. A União deve assumir a tarefa de formar a maioria dos professores por meio de sua rede de educação superior e profissional", afirmou. De acordo com o ministro, a formação dos professores ficou relegada exclusivamente a estados e municípios, mas, na visão dele, cabe à União a competência prioritária pela tarefa, em parceria com estados e municípios, para os quais a competência pela formação deve ser subsidiária. "A criação do sistema exige um regime de colaboração."

Três ações
Haddad defendeu no evento três ações: a adoção do piso nacional do magistério de R$ 950, a criação de uma carreira atrativa para que o jovem se interesse pela profissão e a formação do professor. "Não adianta remunerar bem sem se preocupar com a qualidade." Sobre a carreira do magistério, o ministro adiantou que diretrizes sobre o assunto estão em discussão.

Escolas sem professores?

Todos já sabem que a qualificação dos professores é condição necessária, mas insuficiente, para os alunos obterem uma aprendizagem de qualidade. Todos também já sabem que a Escola começa na casa, a casa termina na Escola. Mas, diante da crônica e grave situação do ensino no Brasil, a qualificação do corpo docente é um chavão insuportável para os professores.
Nas campanhas políticas, para a Presidência da República, governo dos Estados e prefeituras municipais, observamos planos mirabolantes e soluções perfeitas para recuperar a qualidade do ensino Fundamental, Médio e Superior. Como professor universitário e com experiência de sala de aula já há 13 anos, vejo como muitas dessas propostas são demagógicas, irrealistas, "virtuais" e até desonestas.
Não acreditamos na recuperação desse ensino de baixa qualidade sem professores qualificados e bem (muito bem pagos). Do mesmo modo como não acreditamos em um aprendizado melhor dos alunos sob as condições de uma sociedade na qual privilegia-se o lucro fabuloso de bancos privados, enquanto o ensino e as escolas são degradadas. É preciso (também) mudar esse modelo de sociedade.
Na verdade, trata-se de um efeito óbvio que pode ser explicado por fatores estruturais (instalações e meios de acesso ao saber nas escolas), sistêmicos (deficiência na avaliação da aprendizagem e ensino de baixa qualidade) e conjunturais (violência no ambiente escolar, insegurança no entorno das escolas, fome ou má alimentação dos discentes, problemas familiares etc). É efeito dessas variáveis a baixa qualidade do ensino Recife e em Pernambuco, um dos piores do Brasil, do Ensino Fundamental ao Ensino Médio.
O fato é que a má qualidade desse ensino não vai mudar se esse professor não receber salários e vantagens diferenciadas dentre as diversas carreiras da Prefeitura do Recife. Aliás, os professores, os profissionais de saúde, os fazendários e os gestores municipais (carreira a ser criada, contemplada no Programa de Governo do PCB), são as carreiras que consideramos típicas de Governo Municipal. Essa é um a reivindicação que jamais deve ser vista como corporativismo. E também é fato que os deficientes meios de acesso ao saber e a falta de estrutura das escolas bloqueia o processo ensino-aprendizagem. E o círculo vicioso se fecha.
Como candidato do PCB à prefeitura do Recife, não temos ilusões quanto à recuperação da carreira dos professores, das escolas e da qualidade desse ensino insipiente, em um período de quatro anos. Mas empenhamos nossa palavra que vamos começar isso. Não prometemos o ensino virtual das Escolas de Guia Eleitoral, Escolas - ilhas da fantasia etc. A Educação exige antes de tudo a verdade. E é verdade que podemos recuperar esse ensino sob a condição de uma unidade de ação com os professores da rede municipal.
Algumas de nossas propostas são simples, racionais. Estamos abertos às sugestões e críticas. Confiram:
1. Discutir com o Simpere temas como Carreira do magistério, Qualidade do Ensino e Processo de Avaliação da Aprendizagem;
2. Extensão do tempo integral no Ensino Fundamental I e II;
3. Merenda Escolar: rever os mecanismos de controle e fiscalização sobre a qualidade e distribuição da merenda (há escolas que não recebem a merenda, e há denúncias de compra de alimentos abaixo do padrão especificado nas licitações); e
4. Criação de uma biblioteca por escola (com acervo padrão).

Me formei. E agora?

Depois de anos de estudos, de tantos sonhos e sacrifícios, chegou o grande dia: acabou a faculdade, finalmente você está formada. Enfim, vai exercer a profissão que sonhou a vida inteira, agora é uma profissional. No entanto, para ser de fato uma, falta uma coisinha apenas: arrumar um emprego na área. Histórias como essa acontecem todos os dias por todo o país. São jovens que investiram tudo no sonho de concluir um curso superior e ao verem ele realizado, descobrem que a verdadeira batalha está apenas começando. Diante disso, a angustiante indagação parece inevitável: me formei, e agora?Aportar no nada aprazível mercado de trabalho não é fácil. Mas, com certeza, muita gente imagina que tendo em mãos um diploma, já tem um passaporte. No entanto, não é bem assim que essa expedição atrás do primeiro emprego começa. "Quando entreguei a monografia e percebi que não teria mais aulas e ainda não tinha emprego, me bateu um desespero. E olha que eu fiz a faculdade quase toda tendo bolsa do CNPq, não era tão despreparado assim", conta o historiador Mario Sergio Ignácio que, mesmo tendo currículos aos borbotões circulando pela praça, correu por fora e começou a se preparar para um mestrado. "Ao mesmo tempo em que enviava currículos, estudava para fazer prova para um mestrado e para alguns concursos. A resposta do mestrado veio primeiro, começo em abril. Mas em relação aos empregos, não apareceu nada fixo ainda, só frilas", diz ele.Ninguém sabe ao certo o que o mundo além das salas de aula reserva. Talvez, por isso, para alguns seja tão assustador terminar a faculdade. "É o fim de um ciclo. Agora você cresceu de vez, acabaram as desculpas de estar estudando, tem que batalhar, correr atrás. É assustador, rola aquela história do 'e agora, o que eu vou fazer?' Eu ainda estou meio perdida ", diz a agora arquiteta Maria Cecília D'Almeida. A estudante Ana Claúdia Rodrigues conta que, no seu caso, para piorar, ainda tiveram as greves das universidades federais. "Eu acabo a faculdade só em março por causa das greves. E por conta disso, já perdi vários concursos e seleções de emprego por não estar com o curso concluído", afirma ela.Para a maioria dos novos profissionais o grande problema é saber como entrar no disputado mercado de trabalho. Mas existe uma forma de descobrir pelo menos onde é a porta. "Os estágios são muito importantes, podem ser considerados a porta de entrada para o mercado de trabalho", afirma o consultor do Grupo Catho, José Carlos Figueiredo. A jornalista Lívia Bueno comenta que, de fato, os estágios a ajudaram muito durante e depois do curso. "Eu fiz estágio desde o segundo período da faculdade. No primeiro, adquiri diversos contatos importantes que me levaram para o segundo estágio, onde acabei sendo contratada mesmo antes de me formar. Eu fui ao contrário da maioria dos meus colegas: estava louca para acabar logo e ficar livre, trabalhava já como repórter normal e ainda fazia faculdade", conta ela. A administradora de empresas Jaqueline Alves do Prado também se formou já estando com os dois pés dentro de uma multinacional graças a um estágio. "Eu desde que entrei na faculdade, corri atrás de estágio, fiz vários. Alguns foram curtos e ruins, outros legais, mas não fiquei parada um período sequer. Lá pelo sexto, comecei a estagiar numa multinacional e fui contratada assim que me formei", conta ela. Para auxiliar o estudante ou o novo profissional nessa cansativa busca por um estágio ou primeiro emprego, existem diversas empresas de colocação profissional. José Carlos Figueiredo informa que o interessado pode cadastrar seu currículo pela Internet. "Por meio do nosso site as pessoas têm conseguido uma colocação. Nós auxíliamos nesse processo, vale a pena fazer um teste. Existem muitas empresas que buscam estagiários e trainees", afirma ele. Outra dica importante para os recém-formados é saber onde está pisando, ou seja, ter conhecimento sobre a área em que escolheu para atuar. "Outras questões também são fundamentais, como falar outro idioma, principalmente o inglês, ter uma boa formação acadêmica e ter um currículo bem preparado", diz José Carlos Figueiredo. No mais, saúde e paz. E, claro, continuar correndo atrás.

Mapeamento do ensino privado

O ensino privado é responsável por 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e por 1,81% do PIB no Estado. O valor é superior ao PIB da saúde privada, que representa 1%. Os dados foram divulgados pelo pesquisador Salomão Quadros, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ontem, durante o VI Seminário de Educação, que termina hoje no hotel Marina Park, uma promoção do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe). Quadros apresentou um mapeamento da representatividade do ensino privado no País e revelou que o setor movimenta, por ano, R$ 40 bilhões, com mais de 35 mil escolas privadas de ensino básico e duas mil instituições privadas de ensino superior. "Duas mil instituições representam 90% do total de escolas de nível superior, um número extremamente expressivo para a atividade", salientou, informando que, do total de matrículas anuais, o Ceará possui 54,39% em escolas de nível superior privadas e Pernambuco, 55%. Rio Grande do Sul e São Paulo somam, cada um, 85%. "É uma tendência inevitável a de procurar pelo ensino superior e a tabela mostra a velocidade desse crescimento, que é maior nos estados do Sul e Sudeste", comentou Quadros. No entanto, apesar de o número de matrícula no ensino superior ser maior fora do Nordeste, o palestrante destacou que esse resultado pode mudar nos próximos anos. "Como os dados são de 2006, baseados na análise do Inepe (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), futuramente, a realidade será bem diferente, se já não estiver agora". Quadros frisou que os estados do Norte e Nordeste estão aumentando o número de matrículas no ensino superior velozmente. No Ceará, entre os anos de 1999 a 2005, o crescimento foi de 21,62%. Em Pernambuco, 19,53%, e Amazonas, 24,42%. "Um crescimento de 20% ao ano é superior ao chinês, que é de 12% ao ano. Em cinco anos, esse número pode chegar ao dobro nesses estados", avaliou.

A revolução da educação a distância

A sigla EaD refere-se à educação a distância, indiscutivelmente a maior inovação desta era do conhecimento no setor educacional. Nascida no século XX, na forma meio tosca do ensino por correspondência (coube-nos, por sinal, nos anos 60 dirigir os cursos por correspondência do antigo Departamento Estadual de Administração, destinados a todo o funcionalismo público estadual, quando ainda se procurava qualificar o servidor e as repartições não se tinham convertido em cabides de emprego), evoluiu para as tecnologias contemporâneas: mídia impressa, CD-ROM, DVD, rádio e TV, softwares de computador, áudio e videoconferências, entre outras. Hoje, processa-se verdadeira reviravolta nos meios educacionais, com o uso disso tudo no processo de ensino/aprendizagem e a obsolescência crescente das didáticas da velha escola estritamente presencial, fundamentadas no giz, no quadro negro e na saliva. Trata-se de uma exigência do progresso das comunicações humanas, ditada pela velocidade das informações e dos saberes do nossos tempos. Os diplomas dos cursos tradicionais dos ensinos médio e superior, que antigamente representavam suficiência vitalícia para o exercício de uma profissão, já não conseguem disfarçar suas insuficiências, dados os milhões de novos conhecimentos que se acumulam no dia-a-dia dos avanços científicos do nosso tempo (metade do que foi aprendido pelo aluno de Engenharia fica desatualizada 18 meses após a conclusão do curso - apud Michel Moore e Greg Kearsley, em "Educação a Distância", Thomson, 2007). Daí que a exigência de uma educação permanente, que assegure a atualização das pessoas, mediante pesquisas próprias e continuadas, passou a ser indispensável para o adequado exercício de uma profissão. E, como o ensino formal e presencial não dispõe de meios para assegurar essa incessante atualização, resta a quem dela necessite lançar mão de cursos e programas ligados à EaD. Muito embora haja resistências por parte de professores tradicionalistas, que temem perder seus postos de docência pelo avanço dessas novidades, ou de chefes empedernidos, que sendo incapazes de compreender a importância desses novos processos se opõem à sua adoção em seus locais de trabalho e mando, há que levar em conta o fato de a EaD ter chegado para ficar. Sua permanência é irreversível, e ai de quem não consiga admitir essa irreversibilidade e não busque, com ela, estabelecer o melhor dos convívios. Tanto na atualização dos saberes, quanto na sua complementação continuada, seja na forma de cursos conceituais ou instrumentais, seja na autodidaxia da busca diária dos acréscimos daquele saber, que muda inexoravelmente do dia para a noite, a EaD será, daqui para o futuro, a grande arma que permitirá a todos participarem da guerra competitiva em que se metamorfoseará a convivência humana no século XXI. Essa nova Virginia Wolf, de quem será inútil ter medo, porque não é fruto de capricho de futurólogos brincalhões, e sim uma condição de sobrevivência nesta era da informação, aí está para ajudar as novas gerações a vencerem o desafio lançado pelo avanço contínuo e incessante da ciência e da tecnologia. Como muito bem disseram os autores da obra acima citada: "A educação deixou de ser um processo de aquisição de conhecimento como preparação para a vida e o trabalho, e tornou-se um processo de inicialmente preparar e então reparar o conhecimento ao longo da vida." Essa é a grande revolução - se não mesmo a maior de todas - ocorrida no setor educacional do mundo em que vivemos. (fonte: Gazeta)

PÁTRIA MADRASTA VIL

REDAÇÃO DE ESTUDANTE CARIOCA VENCE CONCURSO DA UNESCO COM 50.000 PARTICIPANTES Tema:'Como vencer a pobreza e a desigualdade'
Por Clarice Zeitel Vianna Silva
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - RJ



Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência...Exagero de escassez... Contraditórios?? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade. O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e friamente sistematizada - de contradições. Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe gentil.', mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está mais para madrasta vil. A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira'. Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica. E mesmo há 200 anos não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação +liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra... Sem nenhuma contradição!
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem! A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão.
Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta - tão confortavelmente situadas na pirâmide social - terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)... Mas estão elas preparadas para isso?
Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil. Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona? Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos...
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas. Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente... Ou como bicho?

Premiada pela UNESCO, Clarice Zeitel, de 26 anos, estudante que termina faculdade de direito da UFRJ em julho, concorreu com outros 50 mil estudantes universitários. Ela acaba de voltar de Paris, onde recebeu um prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) por uma redação sobre 'Como vencer a pobreza e a desigualdade'. A redação de Clarice intitulada `Pátria Madrasta Vil´ foi incluída num livro, com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da Unesco.

COMENTÁRIO: AINDA DÁ PRA TER ORGULHO DE NOSSOS UNIVERSITÁRIOS NÃO É?

Perceba a Si Mesmo

A primeira novidade neste tópico refere-se à seguinte frase:- A motivação não existe. O que existe, na verdade, é a automotivação.É como a história do balão: você só enche o seu balão se VOCÊ QUISER.O segredo, então, é descobrir o que o motiva. Mas, para isso, é preciso aprender a perceber a si mesmo. Siga as dicas:Faça autocríticas constantes. Pare regularmente para analisar como anda a sua vida, realizando um balanço entre o planejado e o conquistado.Ouça quem te ama. Pergunte a sua esposa ou marido: - “Grande amor da minha vida, como é que eu sou ??”Mas, não se assuste com a resposta: em quase 100% das vezes, as outras pessoas não nos vêem como nós gostaríamos que nos vissem. Uma pena !! Analise pontos fortes e fracos. Meu amigo, desde que o mundo é mundo, todos temos coisas boas e ruins. Desenvolva os pontos fracos e aprimore, fortaleça e estimule os pontos fortes.Desenvolva, principalmente, os seus pontos fortes. São eles os seus grandes indicadores de excelência.Olhe no seu próprio olho. Já dizia o poeta: “o olho é o espelho da alma.” Onde está aquele brilho nos olhos que sempre tínhamos à vista ? Tá esperando o quê ? Corra para o espelho !!Teste seu sorriso. O sorriso é uma fantástica “arma de marketing”, e também um pequeno termômetro para medir o seu grau de automotivação. Será que você anda sorrindo para a vida, ao invés de esperar que ela sorria para você ?

A grama do vizinho

Há um certo ar de quixas sem razões muito claras. Converso com pessoas que estão na meia-idade, todas com profissão, família e saúde e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso? Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: "Eu espero/acontecimentos/só que quando anoitece/é festa no outro apartamento”. Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha sido convidada. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são — ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho. As "festas em outros apartamentos" são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então, fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim. Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos para se refugiar no escuro raramente são divulgados. Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores. "Nunca conheci quem tivesse levado porrada - todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo". Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia e olha que na época em que ele escreveu estes versos, não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta. Nesta era de exaltação de celebridades — reais e inventadas — fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras, fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes, enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé? Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista. As melhores festas costumam acontecer dentro do nosso próprio apartamento. (autora: Martha Medeiros)

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Universidade não forma profissionais que atendam a educação básica

A presidente da Escola Brasileira de Professores (Ebrap), Guiomar de Melo, classificou como “esquizofrênico” o atual sistema de formação inicial de professores do país. A declaração foi feita na 3ª Reunião do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), em Porto Alegre. Segundo Guiomar, as instituições de ensino superior não acompanham as necessidades da educação básica na formação de profissionais com o perfil que a escola precisa.“De todos os investimentos em educação, a formação do professor com qualidade é o que traz o melhor custo-benefício. Um professor formado tem poder de multiplicação porque vai dar aula para muitos alunos, por muitos anos, e isso justifica o custo”, argumentou.Guiomar, que é ex-conselheira nacional de educação, defendeu a articulação com as universidades para garantir a formação do docente que a educação básica necessita. Ela criticou o modelo “bacharelista” que não forma professores para atuar em sala de aula. “É preciso chamar as universidades para discutir isso”, afirma.“A qualidade da educação de uma escola se mede pela formação do professor que está dentro do ambiente. Por isso a importância de um aprendizado que prepare os professores para o ambiente escolar e não o acadêmico”, defendeu.Os secretários de educação presentes ao evento também expuseram esse problema a partir de experiências regionais. O diretor de educação básica da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes), professor Dilvo Ristoff, apresentou dados sobre a formação de professores e lembrou que a maioria dos profissionais vem da rede privada de ensino superior.“A universidade está sendo demandada em várias frentes: para produzir pesquisa e fazer extensão, muitas vezes preenchendo a ausência do Estado. Além disso tem um problema real nas suas licenciaturas que a rigor são construídas para formar professor, mas só no papel. Na prática, elas formam bacharéis”, avaliou.Ristoff defendeu um melhor alinhamento entre a educação básica e a superior na definição de currículos para garantir uma formação mais prática e voltada para a sala de aula. “É preciso um alinhamento, um fio que une as diretrizes curriculares e os projetos pedagógicos dos cursos”, afirmou .

Formação de professores: todos no compromisso pela educação

A melhoria da qualidade do ensino no Brasil vem sendo tema de debates, tornando-se reivindicação da sociedade e elemento de preocupação política de governos. Boas práticas de gestão democrática, infra-estrutura, currículo, condições de trabalho, formação e valorização dos profissionais e reconhecimento do real papel social da escola são alguns dos temas sempre presentes nos debates. O Plano Nacional de Educação (PNE, Lei 10.172/2001) e o Plano Estadual de Educação (Lei 8.806/2008) consideram que a formação dos educadores é um componente importante desta qualidade pretendida, devendo superar o estágio das iniciativas individuais para fazer parte da política pública do setor. Entretanto, apesar dos inúmeros esforços despendidos pelos gestores públicos municipais e estaduais, a formação acaba sendo muitas vezes descontínua e descolada tanto da construção das carreiras quanto das reais necessidades das escolas, e sem efeito significativo sobre a qualidade do ensino oferecido. Tal situação deriva em parte do fato de que embora a responsabilidade legal de oferecer o ensino nos níveis fundamental e médio no Brasil caiba aos Governos Municipais e Estaduais (LDB, artigos 10 e 11), a formação de professores é realizada pelas Instituições de Ensino Superior públicas e privadas, que fazem parte em sua maioria, do sistema federal de ensino. Há, portanto, uma contradição histórica, que em termos práticos resultou no descompromisso cada vez mais acentuado da União com a formação dos profissionais que atuam na educação básica. Assim, Estados e Municípios, em sua grande maioria, por não possuírem instituições formadoras, não conseguem garantir uma oferta sistêmica e contínua de possibilidades de formação para os profissionais de suas respectivas redes. Hoje, porém, se vislumbra uma possibilidade de mudança neste quadro. No contexto do PDE Nacional, o Governo Federal tomou a dianteira do processo de coordenação e fomento do atendimento da demanda de formação dos profissionais da educação, com foco exclusivo nas instituições públicas de ensino superior. Em outras palavras, se cabe aos Municípios e Estados oferecer educação básica, cabe à União assumir sua responsabilidade de garantir técnica e financeiramente a formação dos profissionais, por intermédio da rede federal de ensino superior. O MEC está estimulando em todo o país que as Universidades Federais e os futuros IFETs, em parceria com as Universidades Estaduais, se articulem para o atendimento das necessidades locais de formação de professores. Neste contexto, alguns elementos importantes para a melhoria da qualidade, hoje desarticulados, devem constituir o foco dos debates interinstitucionais: é fundamental que haja coerência entre a formação dos profissionais que atuam na escola, o currículo que esta escola oferece, o material didático que a escola usa e os processos avaliativos aos quais a escola está submetida. Portanto, as instituições públicas formadoras estão sendo instadas a construir licenciaturas ajustadas aos desafios da educação básica universalizada e inclusiva. Os desafios são grandes, pois um número ainda muito expressivo de professores não possui a habilitação específica para o exercício da docência nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, além de faltarem professores habilitados em determinadas áreas de conhecimento. O mesmo quadro se estabelece com relação aos professores da educação infantil nas redes municipais de ensino, que carecem de habilitação adequada para trabalhar com as crianças nas creches e pré-escolas. De forma complementar, falta habilitação específica e qualificada para o professor do campo, da educação de jovens e adultos, da educação especial... Estas distorções certamente incidem sobre a qualidade do ensino oferecido, o que se reflete no IDEB e outros índices educacionais que espelham o desempenho dos alunos. Assim, os esforços devem ser conjugados entre as diferentes esferas executivas para o estabelecimento de trabalho conjunto articulado, para que o país supere um dos importantes obstáculos à melhoria da qualidade da educação. Em Mato Grosso, SEDUC, UNDIME, SINTEP, CEE, UFMT, UNEMAT, CEFET-MT e CEFET-Cuiabá, estão construindo um plano estratégico para que, com apoio técnico e financeiro do MEC, se possa atender a demanda de formação de maneira qualificada, sistêmica e integrada no território Estadual. Ao ser executado a partir de 2009, vagas no ensino superior público serão estrategicamente colocadas à disposição das redes públicas de educação básica de nosso Estado. Caberá à SEDUC e aos futuros prefeitos fazerem sua parte, que é criar condições concretas para que os professores em serviço possam se qualificar, além de oferecer carreiras mais atrativas para os jovens recém-formados que deixarem a Universidade. Há, finalmente, a responsabilidade dos próprios docentes com sua carreira, entendendo que a função pública que escolheram desempenhar está entre as mais relevantes, pois implica transformar as escolas de educação básica em verdadeiros espaços de construção de autonomia, em todas as etapas e modalidades de ensino.

MEC cria novo indicador para qualidade dos cursos de graduação

Um novo “termômetro” vai medir a qualidade do ensino superior no Brasil. O Ministério da Educação (MEC) criou um indicador, o Conceito Preliminar, que será referência, a partir de agora, no reconhecimento dos cursos de graduação. A proposta leva em conta uma série de resultados, como o Exame Nacional de Avaliação de Desempenho dos Estudantes (Enade) – antigo Provão –, a infra-estrutura e instalações físicas das faculdades, a titulação dos professores e os recursos didático-pedagógicos. Os primeiros cursos avaliados no novo critério serão das áreas de saúde, ciências agrárias e sociais. Eles foram submetidos aos testes do Enade em 2007 e os resultados serão divulgados nos próximos dias. A proposta do MEC é vincular diretamente avaliação e regulação, ou seja, levar em conta a qualidade das instituições na hora de conceder licenças de criação e reconhecimento de cursos.Segundo critério do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao ministério, as notas do novo modelo variam de um a cinco. O conceito cinco representa o curso que é referência na sua área; o quatro, é intermediário; o três, significa que o curso tem condições mínimas de funcionamento; e o um e o dois, indicam reprovação. Com a mudança, os cursos com piores resultados (conceitos um e dois) serão alvo de fiscalização do MEC. Isso quer dizer que, durante o processo de recredenciamento, serão obrigados a pedir a visita dos avaliadores do Inep para conseguir a nova licença de funcionamento. Já as instituições com melhor desempenho (conceitos três, quatro e cinco) enfrentarão menos exigências, sendo dispensadas da avaliação in loco. A expectativa do governo federal, com a adoção do Conceito Preliminar, é reduzir o número de inspeções nas faculdades. No modelo atual, são cerca de 3 mil avaliações in loco por ano, mas as novidades devem fazer com que esse número caia para 1,8 mil. O indicador que acaba de ser criado pelo MEC vai trabalhar com um sistema de pesos: o Enade vale 40%; o Índice de Diferença de Desempenho (IDD) – que é a diferença entre a nota do aluno no início e no fim do curso –, 30%; e os insumos, 30%. No item insumos, serão consideradas quatro variáveis. Duas correspondem à percepção que os alunos têm da instituição e levam em conta infra-estrutura, instalações físicas e recursos didático-pedagógicos. As outras dizem respeito ao cadastro de professores, ou seja, a porcentagem de doutores e de profissionais com regime integral ou parcial no curso. InscriçõesSerão abertas nesta sexta-feira as inscrições para o Enade 2008. As instituições de ensino superior têm até dia 31 para inscrever alunos habilitados (ingressantes e concluintes) e que estejam em situação regular. A lista com os estudantes selecionados será divulgada a partir de 26 de setembro e as provas estão marcadas para 9 de novembro. Neste ano, serão avaliados os cursos de arquitetura e urbanismo, biologia, ciências sociais, computação, engenharia, filosofia, física, geografia, história, letras, matemática, pedagogia e química; além dos cursos superiores de tecnologia em: construção de edifícios, alimentos, automação industrial, gestão da produção industrial, manutenção industrial, processos químicos, fabricação mecânica, análise e desenvolvimento de sistemas, redes de computadores e saneamento ambiental. A aplicação do Enade em cada área é feita a cada três anos.

A BLINDAGEM DO PRONERA

Depois de conseguir recursos públicos para custear sua estrutura de ensino por meio de um programa do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Movimento dos Sem-Terra (MST)agora se mobiliza para tentar tornar esse repasse permanente e definitivo. As verbas que recebe para financiar cursos universitários destinados a formar seus quadros são provenientes do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), criado em 1998 por portaria do então ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, no governo Fernando Henrique Cardoso. A medida tinha por finalidade "ampliar os níveis de escolarização formal dos trabalhadores rurais assentados", especialmente nas áreas de alfabetização, ensino fundamental e ensino profissionalizante. A partir do primeiro mandato do presidente Lula, o Pronera mudou de orientação, passando a privilegiar o ensino universitário. E metade de seu orçamento, que passou de R$ 9 milhões, em 2003, para R$ 54 milhões, em 2008, hoje é usada para dar formação superior aos militantes do MST, por meio de cursos especiais, cujos integrantes não são submetidos ao crivo do vestibular das universidades públicas, sendo indicados pelas comunidades rurais com ligação com a reforma agrária. O problema é que, da mesma forma como se converteu em prioridade do atual governo, o Pronera pode ser relegado para segundo plano. E, como foi criado por portaria ministerial, ele pode ser extinto por meio de outra portaria, no próximo governo. É esse o receio do MST. A entidade tem medo de perder a fonte de recursos no caso de vitória de um candidato da oposição, na sucessão de Lula, em 2010. "Um programa desse porte necessita de maior estabilidade jurídica. Um governo que não quer dar muita importância à questão da educação em áreas da reforma agrária pode não revogar o programa, mas matá-lo de inanição, cortando suas verbas", diz a coordenadora do Pronera, Clarice dos Santos. É por isso que o MST quer "institucionalizar" o programa, transformando-o numa "política de Estado", por meio de lei ordinária aprovada pelo Congresso. Deste modo, o Pronera teria fonte orçamentária própria e só poderia ser extinto por outra decisão do Legislativo. Enquanto isso, o próximo governo, independentemente de quem venha a ser eleito em 2010, teria de continuar repassando dinheiro público para a entidade. Para a coordenadora do Pronera e para o coordenador nacional do MST, José Batista de Oliveira, a "blindagem jurídica" do programa seria uma forma de democratização do ensino superior público, por dispensar do vestibular os estudantes egressos de comunidades de assentados. O MST está correndo contra o tempo. Inicialmente, a idéia era preparar um projeto de lei e encontrar alguns deputados ou senadores que o apresentassem ao Congresso como sendo de sua autoria. Mas a tramitação seria demorada e dificilmente o projeto teria condições de ser votado, aprovado e sancionado ainda no atual governo. A estratégia do MST é tentar persuadir alguns ministros de Lula a assumir oficialmente a iniciativa de propor a institucionalização do Pronera, uma vez que projetos de lei encaminhados pelo Executivo ao Legislativo podem ter tramitação muito mais rápida do que os projetos de autoria de deputados e senadores. "Com isso, poderíamos garantir a permanência desse programa, que tem propiciado aos filhos de trabalhadores rurais oportunidades de ensino em todos os níveis, de técnico agrícola a agrônomo", diz o deputado Adão Pretto (PT-RS), vinculado ao MST.O problema da "institucionalização" do Pronera é que ele abre caminho para a justaposição de competências e de gastos da União com ensino superior. A responsabilidade pelo setor é do Ministério da Educação, que já destina a maior parte de seu orçamento para as universidades federais. Se o Pronera for "institucionalizado", seriam mais recursos para a educação superior pública, só que sob responsabilidade do Incra, um órgão do segundo escalão que nada tem a ver com a área de ensino. E o MST, uma entidade sem personalidade jurídica - e, portanto, irresponsável -, passaria a dispor de uma estrutura de ensino superior, custeada pelo contribuinte.

Capes vai investir R$ 5,5 milhões em projetos de pós

A Capes (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) vão investir R$ 5,5 milhões anualmente, por quatro anos, em projetos de pesquisa em educação vinculados a cursos e programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado). O Observatório da Educação lançou edital para convocar pesquisadores e acadêmicos a apresentarem suas propostas. O foco são as questões relacionadas à docência e à formação dos profissionais da educação básica. Serão financiados até 20 projetos para participantes de núcleos locais compostos por, pelo menos, um programa de pós-graduação stricto sensu de uma IES (instituição de ensino superior), um docente orientador, um estudante de doutorado e dois estudantes de mestrado (para programas que oferecem os cursos de mestrado e doutorado) ou três de mestrado (para programas só de mestrado) e até seis estudantes de graduação.Também podem participar integrantes de núcleos em rede, compostos por pelo menos três programas de pós-graduação stricto sensu de IES distintas, sendo uma delas a instituição sede, três docente orientadores, nove estudantes de doutorado ou pós-doutorado ou mestrado e até 18 estudantes de graduação.Os interessados têm até as 23h59 do dia 8 de setembro para enviar suas propostas para o endereço observatorio@capes.gov.br. Elas devem ser encaminhadas pelo coordenador do núcleo local ou pelo coordenador do núcleo em rede e pelo pró-reitor de pesquisa ou de pós-graduação da IES sede.Os projetos deverão se enquadrar nos seguintes eixos temáticos: educação básica, educação superior, educação profissional e tecnológica, educação continuada, educação de jovens e adultos, educação especial, educação no campo, educação quilombola, educação integral ou educação a distância.